segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Poema da semana de 30 de janeiro a 3 de fevereiro


Os Amigos
 
Voltar ali onde
A verde rebentação da vaga
A espuma o nevoeiro o horizonte a praia
Guardam intacta a impetuosa
Juventude antiga -
Mas como sem os amigos
Sem a partilha o abraço a comunhão
Respirar o cheiro a alga da maresia
E colher a estrela do mar em minha mão
 
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Musa' 

Assim é que é...







Por que é seguido de um nome (caminho), tendo o sentido de por qual, ou por onde: O caminho por onde foste para casa.
Porque, enquanto advérbio interrogativo de causa, é seguido de um verbo, como em Porque voltaste?


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Poema da semana de 23 a 27 de janeiro

O INFANTE

Aos homens ordenou que navegassem
Sempre mais longe para ver o que havia
E sempre para o sul e que indagassem
o mar, a terra, o vento, a calmaria,
os povos e os astros
E no desconhecido cada dia entrassem

Sophia de Mello Breyner, in o Búzio de Cós e outros Poemas


Semana das Humanidades


De 23 a 27 de janeiro.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Assim é que é









A forma correta do plural de pionés é pioneses (e não pionés).
Nos nomes terminados em –r, -s, -z, e –n, acrescenta-se –es para formar o plural.
Ao formar o plural de pionés, pioneses, a palavra passa de aguda, isto é, com acento tónico na última sílaba (-nés), para grave, ou seja, o acento tónico situa-se na penúltima sílaba (-ne-). Em geral, as palavras graves não levam acento gráfico.


Poema da semana de 16 a 20 de janeiro

COM FÚRIA E RAIVA


Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra


Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Assim é que é ...


Poema da semana de 3 a 6 de janeiro

MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.


Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.


Carlos Drummond de Andrade, in “Sentimento do Mundo”