terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Concurso Nacional de Leitura

2017-2018
Obras escolhidas para a 1ª fase:

Ensino Básico
Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira. BIS.
Conto «Uma cana de pesca para o meu avô», de Gao Xingjian. Publicações Dom Quixote.

Ensino Secundário
O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Dom Quixote.
Conto «Encontro no outono», de Ilse Losa, da coletânea Caminhos sem Destino. Afrontamento.

Assim é que é!...


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Poema da semana de 11 a 15 de dezembro

















VI JESUS CRISTO DESCER À TERRA

Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe. (…)

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro. (…)

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

     Alberto Caeiro,
in "O Guardador de Rebanhos - Poema VIII"

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Jornalismo e media escolar












Trabalho colaborativo










Tranferência de dados








Produção 





Banco de Imagens



Assim é que é ...


Poema da semana de 4 a 7 de dezembro













Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
as cinzas de milhões?
Natal de paz agora
nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
em ser-se concebido,
em de um ventre nascer-se,
em por de amor sofrer-se,
em de morte morrer-se,
e de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
quando a fome ainda mata? (…)
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm,
ou dos que olhando ao longe
sonham de humana vida
um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
e torturados são
na crença de que os homens
devem estender-se a mão?


    Jorge de Sena

    10 de Dezembro
Dia Internacional dos Direitos Humanos

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Assim é que é ...


Poema da Semana de 27 a 30 de novembro

O REGRESSO
 
Como quem, vindo de países distantes fora
de si, chega finalmente aonde sempre esteve
e encontra tudo no seu lugar,
o passado no passado, o presente no presente,
assim chega o viajante à tardia idade
em que se confundem ele e o caminho.
Entra então pela primeira vez na sua casa
e deita-se pela primeira vez na sua cama.
Para trás ficaram portos, ilhas, lembranças,
cidades, estações do ano.
E come agora por fim um pão primeiro
sem o sabor de palavras estrangeiras na boca.

Manuel António Pina foi um jornalista e escritor português, premiado em 2011 com o Prémio Camões. Nasceu a 18 Novembro 1943 (Sabugal) morreu a 19 Outubro 2012.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Poema da semana de 20 a 24 de novembro

Bicicleta de Recados
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Pedalo nas palavras atravesso as cidades
bato às portas das casas e vêm homens espantados
ouvir o meu recado ouvir minha canção.
(…)
Desde o Minho ao Algarve
eu vou pelos caminhos.
E vêm homens perguntar se houve milagre
perguntam pela chuva que já tarda
perguntam pelos filhos que foram à guerra
perguntam pelo sol perguntam pela vida
e vêm homens espantados às janelas
ouvir o meu recado ouvir minha canção.

Porque eu trago notícias de todos os filhos
eu trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos
e um cesto carregado de vindima
eu trago a vida
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.

                                                                                          Manuel Alegre, in A Praça da Canção

Assim é que é!


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Poema da semana de 6 a 10 de novembro



Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas. 

                                Miguel Torga, in Diário X, 1966