sábado, 12 de dezembro de 2015

Poema da semana de 14 a 18 de dezembro.

A PAZ SEM VENCEDOR E SEM VENCIDOS

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos




Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dual' 

Curiosidades

O que significa…

“dourar a pílula”– dar uma má notícia com palavras gentis.


Farmácia medieval, pormenor do manuscrito hebreu do código de Avicena (séc. XI)
  
Origem – nas antigas farmácias, os boticários faziam os remédios com um misto de conhecimento empírico e de frágeis noções de Medicina. Um dos medicamentos mais conhecido eram “as pílulas douradas”, espécie de comprimidos coloridos a ouro. Na verdade, eram comprimidos banais, que apenas tinham melhor aspeto e que passavam por ser mais eficazes. Eram também mais caros, daí que os boticários gostassem de dourar a pílula.

Assim é que é...!


Filhó e filhós são duas palavras, no singular, e ambas designam um dos doces típicos do Natal.
O plural de filhó é filhós e segue a regra do plural das palavras terminadas em vogal: acrescenta-se –s.O plural de filhós é filhoses e segue a regra dos nomes terminados em –r, -s, -z e –n: acrescenta-se –es.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Poema da semana 7 a 11 de dezembro

APARIÇÃO NUM DIA DE INVERNO
Um dia, lendo este poema, lembrar-te-ás:
o amor falou através dele. Ouvirás no seu ritmo
a voz que tantas vezes desejaste; reconhecerás
nos seus versos o corpo que encheu
a tua vida; tocarás em cada uma das suas palavras
os dedos que te ensinaram a medir os dias
pelas suas contas de ternura. E o tempo
entrará por ti como esse rio que alagou os campos
do inverno. Olharás à tua volta, vendo a desolação
de uma paisagem inundada. Algures, porém,
uma árvore antiga sobressai; e os seus ramos
verdes dar-te-ão a esperança de uma nova
primavera, em que voltes a ouvir a voz
que o poema te trouxe com os seus dedos
de música. 
Nuno Júdice

domingo, 6 de dezembro de 2015

CONTO DE NATAL

O Homem
Sophia de Mello B. Andresen
A acção de O Homem decorre no movimentado “centro do centro da cidade” (do Porto). Fala de um homem anónimo, solitário no meio da multidão, que carrega uma criança invulgarmente bela…
O fecho do conto é um paradoxo: “O homem certamente morreu. Mas continua ao nosso lado. Pelas ruas”.
Um paradoxo que nos compete interpretar… Os homens e as mulheres nos limites da resistência humana estarão sempre connosco e a nós cabe-nos descobri-los e auxiliá-los… enquanto é tempo.
In “Contos Exemplares”

CONTO DE NATAL

O Viajante Clandestino 
José Rodrigues Miguéis
Um dos mais belos contos de todos os tempos em língua portuguesa tem como cenário Baltimore, a cidade portuária norte-americana onde viveu e morreu Edgar Allan Poe, e decorre na noite de Natal. Os tripulantes do cargueiro desembarcaram rapidamente, mas o clandestino Tomé permaneceu horas no porão, aguardando o momento de saltar para terra. “Tinha entrevisto na noite, ao chegar ali, os perfis dos barracões do porto, mais longe fábricas, prédios, o clarão mortiço da cidade. Estava na América, a dois passos do trabalho e do pão, a um salto do seu destino. E o coração batia-lhe de anseio.” Tomé acaba por se escapulir do barco rumo à malha urbana. Mas esbarra com um agente da polícia, bem capaz de lhe cortar as asas ao sonho. Valeu-lhe o facto inesperado de ser noite de Natal…
À hora a que milhões de americanos consoavam, no conforto burguês das suas habitações calafetadas, este português apátrida renascia como cidadão do Novo Mundo no frio nocturno das ruas inóspitas de Baltimore. Exilado e despojado, como o menino-deus nazareno: a eterna magia da noite de Natal.

Conto extraído de “Gente de Terceira Classe”
Para ler on-line:
Antologia do Conto PortuguêsContemporâneo, selecção, prefácio e notas biobibliográficas de Álvaro Salema, Instituto de Cultura Portuguesa, 1984.

CONTO DE NATAL

Natal na Barca 
Lígya Fagundes Telles
O motivo que leva a mulher a estar na barca “justamente hoje”, dia de Natal, é a urgência de levar o filho doente ao médico, expressa pelo conselho do farmacêutico.  E o narrador toca no ponto central da temática do conto, ao apresentar, em discurso direto, na fala da mãe que está com o filho doente nos braços: –“Só sei que Deus não vai me abandonar.” As palavras da mulher não dão margem à dúvida: ela tem certeza do que afirma.
O tema central do conto é a fé, a força que a fé verdadeira transmite àqueles que acreditam. 
E haveria época mais propícia para se alcançar um milagre do que o Natal?

 In “Antes do Baile Verde”

sábado, 5 de dezembro de 2015

Curiosidades de 7 a 11 de dezembro

O que significa…

“estar em bancarrota”– diz-se de uma instituição ou de um particular que entrou em falência.

Jerónimo Bosch (1450-1516), banqueiro
Origem – a expressão tem origem italiana. Na Itália renascentista, os banqueiros exerciam a sua atividade em bancas onde se sentavam. Quando entravam em falência, essas bancas eram literalmente quebradas, simbolizando que o banqueiro, que nela trabalhara, saíra do mercado. Em italiano rotta significa “quebrada” ou “arruinada”. A banca rotta representava, assim, a incapacidade do banqueiro de cumprir os seus compromissos.

Poema da semana de 7 a 11 de dezembro

SOMOS COMO ÁRVORES
Somos como árvores
só quando o desejo é morto.
Só então nos lembramos
que dezembro traz em si a primavera.
Só então, belos e despidos,
ficamos longamente à sua espera. 


EUGÉNIO DE ANDRADE 
As Mãos e os Frutos, 1948 

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Assim é que é ...

ASSIM É QUE É…!   
Informou a imprensa de que iria abandonar o teatro
Quando o verbo informar está seguido de dois complementos, um, nominal e outro, oracional, este último é precedido pela preposição de (“informar alguém de alguma coisa”).
Quando só tem um complemento, omite-se a preposição: informou que iria abandonar o teatro.

Curiosidades de 30 de novembro a 4 de dezembro

O que significa…
“de se lhe tirar o chapéu”– diz-se de algo que é digno de admiração.

Origem – Foi na corte do rei francês Luís XIV (1638 – 1715) que se forjaram vários manuais de etiqueta famosos pelo seu rigor e pormenor. Muitos desses manuais iam ao ponto de regulamentar o modo mais ou menos ostensivo de se tirar o chapéu (ou apenas de o simular), de acordo com a importância da ocasião e do interlocutor. Quando esses manuais chegaram até nós, os portugueses passaram a designar os momentos/factos de relevo como dignos “de se lhe tirar o chapéu”.

Poema da Semana de 30 de novembro a 4 de dezembro

HORIZONTE
(…)
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp’rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade. 
da obra «Mensagem» de Fernando Pessoa

30 de novembro - 80 anos da morte de Fernando Pessoa